DOENÇAS RESPIRATÓRIAS E TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO – UM ESTUDO NO HOSPITAL SANTA CRUZ

Autora:

Andréa Lúcia Gonçalves da Silva – Professora mestra

Colaboradoras- Andrea Weigel – Academica de Fisioterapia
Marilia Junqueira – Fisioterapeuta
 

Resumo

 
Nesta pesquisa teve-se a pretensão de identificar e caracterizar as doenças respiratórias que ocasionaram internações no Hospital Santa Cruz. Averiguou-se quais as doenças respiratórias e, em que estações do ano estas foram mais freqüentes, e qual foi o tempo médio de internação destes pacientes por doenças respiratórias. A população pesquisada foi constituída por pacientes de ambos os sexos, na faixa etária de 01 dia de vida a 99 anos internadas por doença respiratória no período de 01 de janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 2000. Foi utilizado um fichário individual dos pacientes para que então possibilitasse a análise dos dados. Na análise constatou-se 17 eventos patológicos, dentre eles cita-se DPOC, asma, broncopneumonia. Com relação ao tempo de internação ficou por determinação das doenças graves e infecciosas a maior média de internação. A maior incidência dos problemas respiratórios para esta população configurou-se como os períodos de inverno e primavera.
 
Unitermos: Doenças respiratórias, estações do ano, tempo médio de internação
 

Introdução


Relatório Mundial de Saúde-1997, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), diz que muitas doenças têm em comum um número, relativamente pequeno, de fatores cruciais de risco, que torna fundamental uma abordagem integrada e coordenada para sua prevenção. Nesse relatório, as prioridades definidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) implicam intervenções específicas em doenças tanto no campo da saúde mental quanto nas medidas de controle da doença crônica que incorpora prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. Para tanto, é necessário aplicação completa dos métodos de detecção das doenças e de sua gestão, campanha intensa para encorajar estilos de vida saudável, políticas públicas saudáveis, pesquisa de novas drogas e vacinas, determinação de fatores genéticos causadores das doenças crônicas.
Para o Dr. Hiroshi Nakajima, Diretor Geral da OMS, na batalha pela saúde no século XXI, as doenças infecto-contagiosas e crônico-degenerativas são igualmente inimigas, uma vez que a maioria das doenças crônicas são preveníveis, mas ainda não podem ser curadas e representam as maiores causas de morte. Com base nesse relatório, dos 52 milhões de mortes ocorridas no mundo em 1996, 3 milhões foram por doenças respiratórias, que ocupam assim, o 4º lugar, e perdem para os 17 milhões de mortes por doenças infecto-contagiosas, os 15 milhões de mortes por doenças circulatórias e os 6 milhões de mortes por câncer. Ainda, do valor total dessas mortes, 40 milhões ocorreram nos países em desenvolvimento, sendo as doenças crônicas e respiratórias responsáveis por 40% dessas mortes (OMS – Organização Mundial de Saúde. O mundo da saúde. In: Relatório Mundial de Saúde 1997. São Paulo: ano 21 v. 21 n. 5 set./out., 1997).
Como fator desencadeante dessas doenças respiratórias, o fumo, mais precisamente as substâncias tóxicas que compõem o cigarro (fumo industrializado), bem como a fumaça do cigarro, correspondem a um índice de 80 a 90% das causas determinantes. Pesquisas mostram que nos últimos 30 anos o consumo de cigarros vem crescendo 2,1% ao ano, entre homens e mulheres, significando a causa mais freqüente das doenças respiratórias (Rigatto, 1991; Gigliotti, 2000). Dados da Organização Mundial de Saúde mostram que um a cada dois fumantes morre de doença causada pelo fumo. Tanto o fumante ativo quanto o passivo[1] tendem a desenvolver doenças respiratórias, tendo o segundo um percentual relativamente mais baixo e de menor gravidade (OMS, 1997).


[1] Fumante passivo é o indivíduo que inala a fumaça proviniente do cigarro do fumante em ambiente fechado. Ele é potencialmente alvo de todos os malefícios a que está submetido o próprio fumante. (Silva, 1991)
Outros fatores são também predisponentes para o surgimento de doenças respiratórias, como as baixas temperaturas climáticas, bem como as alterações bruscas de temperatura e umidade atmosférica, a poluição atmosférica e a exposição ocupacional à poeira de origem vegetal e de minerais de carvão (Palombini, 1991; Silva, 1998). Recentemente, foi anunciado em cadeia nacional de televisão  (Jornal Nacional da Rede Globo, 16/ 12/ 1999) que, segundo pesquisa, indivíduos que trabalham com madeira, sprays, tintas e farinha de trigo podem apresentar manifestações patológicas pulmonares até 10 anos após sua exposição a algum desses agentes irritantes.
Nos períodos de temperatura climática baixa e de grande umidade atmosférica, as doenças respiratórias representam um grave problema de saúde pública, como sugere Palombini (1991). Além disso, ele estabelece a relação entre este problema e o crescente número de pessoas idosas e de imunodeprimidas, dados confirmados pela Organização Mundial de Saúde no que se refere à expectativa de vida dos brasileiros.
No trabalho com indivíduos portadores de doenças respiratórias em serviço ambulatorial e hospitalar, pôde-se observar que grande parte desses indivíduos desconheciam os fatores predisponentes, a prevenção e, muitas vezes, as manifestações clínicas da própria doença. Freqüentemente, esses indivíduos procuravam assistência médico-hospitalar quando o quadro clínico já se encontrava exarcerbado, agudizado ou mesmo quando se instalava de forma súbita e incapacitante.
A maioria dos indivíduos acometidos por doenças respiratórias que procuraram assistência médico-hospitalar são adultos, trabalhadores de classe média-baixa, em grande parte tabagistas, bem como crianças, com idade entre 01 mês e 3 anos, também de classe média-baixa. De forma bastante acentuada, a doença se manifestava e/ou agudizava principalmente nos períodos de grande alteração climática e frio intenso (inverno), o que pode ser confirmado através dos meios de comunicação sobre a superlotação dos hospitais por indivíduos portadores de doenças respiratórias nesses períodos.
Dessa forma, as doenças respiratórias passam ser alvo de grande preocupação, uma vez que muitas delas são doenças crônicas, incapacitantes e de alta mortalidade. Neste contexto, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), no quadro das doenças respiratórias, compreende o complexo de doenças como o enfisema pulmonar e a bronquite-asmática (Palombini, 1991). Para alguns autores, o grande agente causador desse tipo de injúria pulmonar decorre do tabagismo e desta forma, numa luta árdua, eles vem pesquisando os malefícios desse vício, bem como o custo-benefício que se tem com os impostos arrecadados com a indústria tabageira e o que se gasta em tratamento com essas doenças respiratórias (Rigatto, 1991).
Santa Cruz do Sul, cidade cuja economia é baseada no cultivo, processamento e industrialização do fumo, apresenta temperaturas climáticas bem definidas, com períodos de grande alteração climática, e um relevo que dificulta a ventilação do ar atmosférico, fatores estes que contribuem e favorecem para o surgimento e agravamento das doenças respiratórias (COREDE, 1998; Fontoura, 1998; Carrion, 1979; Moreira,1991). Neste sentido, torna-se necessário fazer um estudo para identificar e caracterizar as doenças respiratórias que ocasionaram a internação hospitalar de santacruzenses, no Hospital Santa Cruz, bem como, exigiram tratamento fisioterápico respiratório concomitantemente ao tratamento clínico, a fim de propor programas de prevenção e recuperação mais adequados, proporcionando-lhes uma qualidade de vida melhor.  Ou seja, este estudo tentará responder a seguinte problemática: “Como se identifica e caracteriza as doenças respiratórias que ocasionaram a internação hospitalar, dos pacientes do Hospital Santa Cruz, e que exigiram tratamento fisioterápico respiratório no período compreendido entre 01 de janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 2000.
Para tanto, formulou-se três questões a serem investigadas:
-Quais as doenças respiratórias que acometeram com mais freqüência os pacientes internados no Hospital Santa Cruz e que foram submetidos a fisioterapia respiratória, no período de 01 de janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 2000?
-Qual foi o tempo médio de internação desses pacientes, por tipo de doenças respiratórias?
-Em que estação climática do ano essas doenças respiratórias foram mais freqüentes?

Metodologia

 
Esta foi uma pesquisa descritiva, caracterizada como \”ex-post-facto\” (Gil, 1991; Köche, 1978), e tomando como fonte de referência o levantamento de dados. Foi também explorativa por delimitar e demarcar características de grupos pré-definidos (Gaya, 1996).
 

Sujeitos da Pesquisa


A população desta pesquisa foi constituída por pacientes, de ambos os sexos, na faixa etária 01 dia de vida à 99 anos, que foram internados no Hospital Santa Cruz por problemas respiratórios, no período de 01 de janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 2000. Destes foram selecionados, para amostragem, os pacientes internados com doenças respiratórias submetidos à tratamento fisioterapêutico, desconsiderando os casos de pacientes que em decorrência do mesmo problema respiratório tiveram mais de uma internação hospitalar.
Desta forma, 417 indivíduos compuseram a amostragem deste estudo, sendo que 168 eram do sexo feminino e 249 eram do sexo masculino. Ainda, 34,4 % da amostragem tinham idade compreendida entre 01 dia de vida e 05 anos e 51,8 % da amostragem tinham idade acima de 50 até 99 anos de idade, caracterizando-se assim 86,2 % dos indivíduos estudados pertencentes aos extremos etários.
 

Instrumentos e Coleta de dados


Para colher os referidos dados, foi utilizado o fichário individual dos pacientes atendidos no Hospital Santa Cruz, que contém os atendimentos fisioterapêuticos, relatados de maneira específica, 01 de janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 2000. Este fichário é de controle e responsabilidade da firma Andréa L. G. da Silva, serviço de fisioterapia terceirizado pelo Hospital Santa Cruz.
Após a coleta dos dados retirados das fichas dos pacientes atendidos pelo serviço de fisioterapia respiratória do Hospital Santa Cruz, foi realizado a tabulação destes dados e a seguir estes foram submetidos à tratamento estatística, pelo NUPES-UNISC utilizando-se do programa SPSS de análise estatística. Desta forma foi feita a análise e cruzamento das questões pré-determinadas nos objetivos específicos do estudo em questão, ou seja, pôde inferir-se, sobre as doenças respiratórias que esses pacientes sofreram com mais freqüência, qual o tempo médio de suas internações hospitalares por tipo de patologia, bem como a estação do ano que essas internações hospitalares ocorreram com maior intensidade.

Apresentação e discussão dos resultados

 

Atributos dos pacientes relacionados às doenças respiratórias

Sabe-se que o dano é mais expresso por mortalidade, e, nesse caso, o melhor indicador é o obituário (Gutierrez, 1991). Como este estudo acontece no Brasil, buscou-se o índice de mortalidade (Ministério da Saúde, 1982-1985), e encontrou-se a informação de que, quanto às pneumopatias, por faixa etária, o índice de mortalidade  é bem mais elevado no primeiro ano de vida, na infância e após os 70 anos de idade, com predominância no sexo masculino. Sendo assim, os primeiros dados encontrados neste estudo vão de encontro aos referidos acima uma vez que, a distribuição dos pacientes acometidos por doença respiratória, internados no Hospital Santa Cruz e submetidos à tratamento fisioterapêutico, deu-se conforme os dados apresentados na tabela 1 e desta forma, verifica-se uma maior incidência de doenças respiratórias nos extremos etários. Os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, período de dezembro de 1997, sustentam os dados encontrados nesta pesquisa, pois os óbitos por faixa etária na microrregião de Santa Cruz do Sul, em decorrência das doenças do tracto respiratório superior e inferior, são de 01 óbito para os indivíduos com idade menor que 01 ano até 39 anos, 03 óbitos para indivíduos com idade superior a 40 anos até 79 anos e  04 óbitos para indivíduos com idade superior a 80 anos.
 

Atributos relacionados às doenças respiratórias


Com relação às doenças respiratórias, dos 417 pacientes estudados, 416 (99,8%) dos pacientes tiveram diagnóstico clínico definido, sendo que 01 (0,2%) permaneceu sem diagnóstico clínico confirmado até seu óbito. O diagnóstico clínico que caracteriza as doenças respiratórias, nos 416 pacientes, classificaram-se de acordo com a tabela 2:
De acordo com a figura, observa-se que mais da metade dos pacientes, 52,4% dos pacientes, caracterizaram o complexo Insuficiência Ventilatória Obstrutiva (DPOC e asma) ficando em segundo plano de importância as pneumopatias de origem infecciosa, ou seja, pneumonia e broncopneumonia, totalizando desta forma 77,2% das causas de internação hospitalar desses indivíduos. A DPOC e a asma são os eventos crônicos mais frequente, segundo a literatura aqui pesquisada.
A análise das doenças respiratórias mais freqüentes para as faixas etárias dominantes neste estudo, caracterizou-se da seguinte forma: pacientes com idade entre 01 e 05 anos foram mais acometidos por doenças como a asma, o broncoespasmo, a bronquiolite, a fibrose cística e a sinusobronquite; pacientes com mais de 50 anos de idade foram mais acometidos por infecção respiratória, DPOC, tuberculose, bronquiectasia, pneumonia, edema agudo de pulmão e também foram mais submetidos à cirurgia torácica.

Tempo de internação hospitalar


A média de internação hospitalar dos indivíduos que apresentaram pneumopatias e foram submetidos à fisioterapia respiratória foi de 6,2 dias de internação. Já a mediana, ficou determinada em 4 dias de internação hospitalar (Std. Deviation = 13,491). Pertinente ao tempo mínimo de internação, 06 (1,4%) dos pacientes ficaram em torno de 24 horas internados, o tempo máximo de internação foi de 247 dias, vividos por um (0,2%) paciente com DBOPC, 29 (7,0%) pacientes foram à óbito e 04 (0,9%) não tinham registro de alta hospitalar em seu prontuário fisioterapêutico.
Com relação ao tempo médio de internação hospitalar por tipo de patologia, o presente estudo ficou caracterizado da seguinte maneira, apresentados em ordem decrescente:
fibrose cística: média de 22,00 dias de internação vividos por um único paciente;
abscesso de pulmão: média de 19,00 dias de internação também vividos por um único paciente;
pneumonia viral: média de 14,00 dias de internação relacionados a 01 paciente;
edema agudo de pulmão: média de 14,00 dias de internação relacionados a 02 pacientes sendo que 01 destes foi à óbito;
tuberculose: média de 9,50 dias de internação relacionados a 02 pacientes;
insuficiência respiratória: média de 9,43 dias de internação, por 18 pacientes sendo que destes, 04 pacientes foram à óbito e portanto não tinham registro de alta hospitalar;
DPOC: média de 8,48 dias de internação vividos por 148 pacientes sendo que destes, 11 pacientes foram à óbito e 01 paciente não tinha registro de alta hospitalar;
carcinoma brônquico: média de 8,00 dias de internação, relacionados a 03 pacientes, sendo que 02 destes forma à óbito;
derrame pleural: média de 7,00 dias de internação vividos por 06 pacientes sendo que destes, 01 paciente foi à óbito;
infecção respiratória: média de 6,20 dias de internação, por 06 pacientes porém, 01 paciente foi à óbito;
pneumonia: média de 5,76 dias de internação, por 43 pacientes sendo que destes, 02 pacientes forma à óbito;
pós-operatório de toracotomia: média de 5,63 dias de internação vividos por 22 pacientes onde 03 foram à óbito;
broncopneumonia: média de 4,85 de internação, respectivo a 60 pacientes sendo que destes, 04 foram à óbito e 03 não tinham registro de alta hospitalar em seu prontuário fisioterapêutico;
bronquiectasia: média de 4,67 dias de internação, por 03 pacientes;
asma: média de 3,27 dias de internação, respectivo a 70 pacientes;
broncoespasmo: média de 3,23 dias de internação, relacionados a 13 pacientes;
bronquiolite: média de 2,80 dias de internação, relacionados a 05 pacientes;
sinusobronquite: média de 2,75 dias de internação vividos por 12 pacientes.
Desta forma, de acordo com os dados descritos, é possível observar que a média de internação hospitalar foi maior para as doenças de origem infecciosa como a fibrose cística, o abscesso pulmonar e a pneumonia viral. Com relação ao edema agudo de pulmão, este pode ser decorrente das cardiopatias e das pneumopatias, cuja etiologia pode ser decorrente de agentes infecciosos, dentre outros. Já, as doenças respiratórias que tem como fator predisponente, e também agravantes, os agentes alergênios e as alterações climáticas, tem seu tempo médio de internação reduzido. Isto é o caso das crises asmáticas, do broncoespasmo, da bronquiolite, da bronquite e da sinusobronquite. Este fato pode ser explicável devido ao afastamento do sistema respiratório do seu agente agressor, ocasionado durante a internação hospitalar e desta forma, a recuperação do paciente ocorre rapidamente, diminuindo assim seu tempo de internação hospitalar, desses pacientes.
Com relação aos óbitos, o maior número deles ocorreu por DPOC, porém o % de óbitos por patologia respiratória caracterizou-se da seguinte forma: 66,6% de óbitos por carcinoma brônquico, 22,2% de óbitos por insuficiência respiratória, 16,6% de óbitos por derrame pleural, 16,6% por infecções respiratórias, 13,6% por complicações advindas das cirurgias torácicas, 7,34% por DPOC, 7,14% por edema agudo de pulmão, 6,66% por broncopneumonia, 4,65% por pneumonia. Esses dados são sustentados pela literatura uma vez que as doenças malígnas, como o carcinoma brônquico, é a principal causadora de mortes que vêm crescendo anualmente e assustadoramente, e a insuficiência respiratória, decorrentes das mais variadas pneumopatias, inclusive a DPOC, é igualmente inimiga.
 
 
 

Prevalência das doenças respiratórias nas respectivas estações do ano


No tocante à relação entre as doenças respiratórias e a época do ano em que elas ocorreram com mais freqüência, o inverno foi a estação predominante com 159 (38,1%) internações hospitalares neste período, para esta população (Tabela 3).
Por estações do ano, as doenças respiratórias incidiram-se da seguinte forma:
inverno: DPOC (39,0%), broncopneumonia (12,6%) e pneumonia (11,9%);
primavera: DPOC (34,3%), asma (19,2 %) e broncopneumonia (15,2%);
outono: DBPOC (33,3), asma (23,4%) e broncopneumonia (14,9%);
verão: DPOC (32,8%), broncopneumonia (17,2%) e asma (17,2%).
Esses dados vêm ao encontro da literatura já referenciada, uma vez que os fatores causais e agravantes das pneumopatias, de maneira geral, são determinados pelo frio intenso, alterações bruscas de temperatura, períodos chuvosos e a polinização. Sendo assim, sua manifestação e exacerbação dá-se principalmente no inverno e primavera. Mais especificamente, a DPOC e as infecções respiratórias, têm maior incidência nos meses de junho e julho, período frio e chuvoso, como mostra a literatura, enquanto a asma, também caracterizada no inverno, têm sua maior incidência nos períodos de polinização, ou seja, na primavera. Sobre as demais patologias aqui identificadas, não foi encontrado na literatura uma época do ano em que a  sua incidência fosse mais freqüente. (SILVA et al,1991; Relatório Internacional de Consenso sobre o Diagnóstico e Tratamento da Rinite,1994) Neste estudo, as doenças respiratórias por estações do ano comportaram-se de acordo com a tabela 4.
 

Conclusão


A compreensão pertinente às doenças que atingem o sistema respiratório dos pacientes internados no Hospital Santa Cruz e que foram submetidos a tratamento fisioterapêutico, foi o principal objeto de investigação deste presente estudo, baseado na análise \”ex-post-facto\”, através do levantamento de dados.
A análise e discussão dos resultados mostraram que as doenças respiratórias que acometeram a população aqui em questão têm comportamento semelhante ao descrito na literatura aqui referenciada, e deste forma, é possível aproveitar os programas de saúde preventiva e terapêuticos pre-existentes, que tenham como base de sustentação as referências bibliográficas aqui supracitadas.
Neste sentido, o presente estudo caracterizou 17 eventos patológicos bem definidos, aqui apresentados em ordem decrescente de representatividade, ou seja, DPOC, asma, broncopneumonia, pneumonia, insuficiência respiratória, broncoespasmo, sinusobronquite, infecção respiratória, derrame pleural, bronquiolite, bronquiectasia, carcinoma brônquico, tuberculose, edema agudo de pulmão, fibrose cística, pneumonia viral e abscesso de pulmão. Estas doenças respiratórias tiveram sua maior incidência nos extremos etários, ou seja, na primeira infância e no indivíduo adulto.
Com relação a média de internação hospitalar, para as doenças de origem predominantemente alérgica a média de internação hospitalar mostrou-se reduzida, ficando por determinação das doenças respiratórias graves e de origem infecciosa (fibrose cística, abscesso de pulmão, pneumonia e edema agudo de pulmão) a maior média de internação hospitalar. Para a DPOC, maior evento patológico e maior número de óbitos encontrado nesta população, doença crônica e freqüente, a média de internação hospitalar foi de 8,48 dias, que caracterizaram-se principalmente no inverno.
A maior incidência dos problemas respiratórios, de acordo com o presente estudo e para esta população, configurou-se como os períodos de inverno e primavera. Este fato deve-se primeiramente pela caracterização patológica, aqui representada em grande parte pelas doenças obstrutivas e de origem infecciosas, que têm como agentes causais as alterações climáticas bruscas, característica climática freqüente da região de Santa Cruz do Sul no período de inverno, bem como a polinização ocorrida na primavera, respectivamente.
Enfim, os pacientes que foram internados no hospital Santa Cruz, no período de 01 de janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 2000, por problemas respiratórios e que necessitaram de atendimento fisioterapêutico, apresentam manifestações patológicas variadas, com características próprias que, por sua vez, com relação as variáveis aqui estudadas, podem correlacionar-se. Neste sentido, é possível, diante do exposto, direcionar as Políticas de Saúde de Santa Cruz do Sul, de maneira mais adequada, para que estas atinjam os complexos patológicos aqui evidenciados e evitam a ocorrência dos mesmos.
Com este estudo, espero ter demonstrado que, uma questão que aborda o estudo sobre as doenças respiratórias, dentro da visão dinâmica e contextualizada, constitui uma importante questão de desenvolvimento regional, no que se refere à saúde respiratória.

Tabelas

 

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